quinta-feira, 26 de julho de 2012

Servidores públicos grevistas fazem manifestações cidadãs e ganham mais visibilidade

            Servidores públicos federais em greve inovaram nesta semana em manifestações e adotaram a ideia de responsabilidade social. Os funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do ministério do Desenvolvimento Agrário distribuíram alimentos na rodoviária de Brasília. Já os profissionais do Hospital das Forças Armadas (HFA) doaram sangue no Hemocentro da capital. A estratégia chamou a atenção para a causa deles:  pedem investimentos, plano de carreira e novas contratações. Pelo lado do governo, a presidente Dilma mandou endurecer com os grevistas e até agora nenhuma das categorias recebeu aceno de negociação. 
Servidores do (Incra) e do ministério do Desenvolvimento Agrário distribuíram mais de uma tonelada de alimentos para a população. A ação ocorreu entre a rodoviária e a Biblioteca Nacional de Brasília, e serviu como forma de protesto para chamar atenção às reivindicações de parte dos funcionários que estão em greve.
Quem passou pela região na manhã desta quarta-feira pôde levar para casa um kit com bananas, laranjas e outros alimentos produzidos por agricultores familiares. Os produtos foram cultivados em áreas destinadas à reforma agrária. A mesma manifestação aconteceu em outros estados do país.
“Não sei direito o que esse povo quer, mas gostei do protesto. Isso aqui vai virar suco e vitamina para o lanche de mais tarde”, disse Rosângela dos Santos, 27 anos, moradora da Ceilândia. Ela não perdeu tempo e garantiu um kit. Viu a distribuição das frutas enquanto esperava o ônibus para ir para casa.
O Incra é um órgão vinculado ao ministério do Desenvolvimento Agrário e tem cinco mil e quinhentos funcionários, distribuídos em 30 superintendências regionais espalhadas pelo país. Cerca de 60% dos servidores aderiram à paralisação, que já dura 37 dias. O órgão é responsável por executar os projetos de reforma agrária no Brasil. Ou seja, desapropriar e indicar terras para o assentamento de pequenos agricultores.
A Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra não soube dizer, com a greve, quantos projetos ficaram parados. “Estamos parados justamente para chamar a atenção. Os projetos já ficam prados mesmo quando a gente está trabalhando. O Incra não recebe dinheiro suficiente para realizar o seu trabalho”, diz Reginaldo Aguiar, diretor da confederação.
“O INCRA tem mais de cinco mil funcionários na ativa. Só que dois mil estão prestes a se aposentar. Assim fica impossível realizar o trabalho. Precisa haver novas contratações”, completa o diretor da Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra.
Segundo Aguiar, ano passado mais de 30 mil famílias deixaram de ser assentadas por causa da falta de recursos. O diretor da confederação afirmou que em 2012 o orçamento do Incra foi reduzido em um bilhão de reais. Passou de quatro para três bilhões. A reivindicação é que esse valor seja reajustado para seis bilhões.
Outro pedido é a contratação e substituição de mil servidores do ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). De acordo com o movimento grevista, apenas 127 funcionários da pasta são concursados. Os outros são terceirizados ou assumiram cargos por meio de indicações políticas.
Os servidores querem ainda equiparação salarial com os funcionários do ministério da Agricultura. Eles alegam que desempenham funções semelhantes e ganham até três vezes menos.
Em nota, o MDA informou que as negociações com as entidades dos servidores públicos estão sendo realizadas pelo ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e que o órgão “está analisando as reivindicações à luz da realidade do orçamento da União”. Os grevistas afirmaram que só vão voltar ao trabalho após o governo apresentar uma contraproposta que atenda às reivindicações do grupo.
Sangue - No Hospital das Forças Armadas, os civis trabalham em esquema de rodízio para não prejudicar o atendimento em setores essenciais como emergência e unidade de terapia intensiva. Eles querem reestruturação do plano de carreira. Os militares, por sua vez, não cobrem os horários dos grevistas, o que praticamente paralisou o atendimento ambulatorial.
Por José Maurício Oliveira e Luiz Claudio Ferreira - Agência de Notícias UniCEUB

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