terça-feira, 19 de junho de 2012

Rio +20 – Organização high tech e diálogo ajudam passeata Marcha a Ré contra o retrocesso ambiental




      A passeata que parou o trânsito na tarde desta segunda-feira (18 de junho) no centro do Rio de Janeiro contou com um time de organizadores que munidos de megafones e intercomunicadores fizeram os integrantes evoluirem nas avenidas por onde passaram como uma escola de samba. O grupo de organizadores vestia camiseta branca com dizeres em preto: Rio +20, Dilma com que cara você chega, o slogan para uma passeata que se chamou Marcha a Ré.  

     A ala de frente que segurava as faixas e marcava o ritmo da caminhada pelas ruas da cidade puxava o coro de vozes humanas que seguiam de perto os comandos do líder do megafone de plantão. Frases curtas eram repetidas em cadência por todos. Os refrãos entoados variavam conforme o momento e as avenidas por onde os integrantes passavam.

       A organização tem seu ponto alto na votação pública democrática que aconteceu embaixo dos pilotis do Museu de Arte Moderna (MAM) para decidir se a passeata concluía a Marcha na tenda de discussão sobre a preservação das florestas ou terminava fazendo protesto contra o Governo. Sentados e atentos aos comandos, os manifestantes levantaram os braços e votaram por terminar a Marcha na tenda da Cúpula dos Povos que discutia a preservação das florestas. E a Marcha a Ré segue à frente até que os manifestantes se dispersaram em torno das muitas tendas montadas nos jardins do Aterro.

      Nos bastidores, o comando geral dialogou minuto a minuto com o capitão da PM encarregado de organizar o trânsito, fechar as avenidas, interromper o movimento dos carros, que caminhou lado a lado com o organizador líder. A coordenação da PM junto com a Guarda Municipal permitiu que, ao longo da caminhada, as ruas estivessem liberadas para os manifestantes.

      Se os organizadores se falavam todo tempo organizando a manifestação, a intercomunicação entre os policiais também deu o tom da passeata. Ruas fechadas em segundos, trânsito bloqueado a três quarteirões à frente por onde iriam passar os manifestantes e onde Ciele Pobalta e sua filha Estrela, de cinco anos, ambas da Etnia Planetária, iriam desenhar no asfalto símbolos da Marcha a Ré.

      A intercomunicação policial foi eficiente para chamar o BOPE, quando os manifestantes tocaram fogo no mapa de Brasil feito de cartolina, e também para fazer o Batalhão de Choque bater em retirada das ruas já que o protesto era pacífico e não havia dano ao patrimônio ou vandalismo. Mas queimar o mapa do Brasil em cima da passarela em frente ao BNDES pôs os policiais em alerta e até o fim da Marcha os manifestantes foram acompanhados por um helicóptero que, de tempos em tempo, rodeava o espaço aéreo por onde caminhavam três mil pessoas de todas as idades.





      O advogado Marcelo Silva, único a vestir terno azul sem gravata, ao longo do percurso da manifestação, intermediou os diálogos entre os organizadores e os policiais. “Fui chamado para dar apoio à manifestação”, declara Marcelo, depois de muita insistência para que explicasse o que ele fazia ali na passeata orientando os organizadores durante todo o trajeto da Marcha a Ré.




Por Mônica Prado - Enviada especial à Rio+20
Fotos: Sthael Samara

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