segunda-feira, 18 de junho de 2012

Rio+20 - Lixo e poluição prejudicam a vida de moradores a 2 km da Cúpula dos Povos


O Rio de Janeiro é hoje o palco da discussão sobre economia verde e preservação ambiental. No entanto, a cidade vive uma contradição, enquanto nos lugares por onde passam os eventos oficiais da Rio+20 a cidade se mostra impecável, em outros pontos o Rio é o exemplo perfeito do descaso com a população e o meio ambiente.

Às margens da Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro, há uma vila de pescadores, a Baixada Boeno. A vila encontra-se cercada por água poluída, de um lado o Rio Arroio Pavuna e do outro, a lagoa de Jacarepaguá.  Andando pelas duas pequenas vielas da Baixada Boeno a cena encontrada é de uma série de casinhas sem infraestrutura apropriada em meio ao forte cheiro de esgoto que exala da água.
De acordo com o morador Rafael Dantas, 24, a sujeira do rio é o grande problema. “Ele já chega aqui sujo. Vem lá de cima, desde a região da Taquara, e traz todo o esgoto e o lixo daquela região”, diz o pescador que afirma visto descendo o rio até um sofá inteiro. 

O interessante, é que toda essa cena de descaso acontece a apenas 2 km, aproximadamente, de onde acontece a Cúpula dos Povos, evento no qual diferentes grupos discutem idéias como sustentabilidade, reciclagem e reflorestamento.
Para a comunidade da Baixada Boeno a sujeira é um problema que os afeta dentro de casa. Como vivem da pesca, a poluição impede que os moradores coloquem na mesa o pão de cada dia. “A gente tenta pescar mas, às vezes, não dá nem vontade de jogar a tarrafa porque só vem garrafa...”, conta Paulo Nascimento, 36, pescador e morador da vila há 23 anos.
Nenhum dos moradores entrevistados pela reportagem da Agência UniCEUB sabiam do que se tratava a Rio+20 e, após breve explicação, a reação geral foi cair na gargalhada. “É engraçado debater conservação da natureza em um lugar em que se vivem situações como essa aqui e o governo não se importa”, disse Paulo. 


Por Sthael Samara - Enviada especial à Rio+20

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