quarta-feira, 20 de junho de 2012

Rio +20 – Orla vira garagem, taxistas reclamam de exclusão e a polícia está nas ruas



      O final da Avenida Atlântica, na altura do bairro do Leme (RJ), se transformou numa garagem a céu aberto para os ônibus que levam e trazem os delegados da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20). O policiamento do governo do Estado do Rio, com carros novos, e homens do Exército, inclusive da Brigada Paraquedista e da Marinha, está presente em toda parte, contribuindo para a percepção de uma cidade segura e bem vigiada, pelo menos nos locais de rota de comitiva e os locais dos eventos paralelos, como Pier Mauá e Cúpula dos Povos. No entanto, os taxistas de cooperativas reclamam de um evento como a Rio+20 que deixa de marca no bolso deles a exclusão econômica.

      Todos os dias, até o fim da Rio +20, a vista da praia vai ficar tomada por 60 ônibus estacionados no final da Ave. Atlântica durante o intervalo entre o trajeto de ida e o trajeto de volta da orla de Copacabana para o Riocentro, local da Conferência. Os ônibus recolhem os delegados nos hotéis credenciados pela organização da Conferência, sendo cinco deles na orla de Copacabana e três na orla de Ipanema.  Entre 7 e meia da manhã e 11 da noite, os ônibus da empresa JW Transporte e os seus motoristas buscam e levam os delegados. Os funcionários, todos de camiseta verde com logo de reciclagem nas costas, ficam no calçadão organizando esse leve e trás. “Os ônibus param nos hotéis que são pontos de referência e os delegados, mesmos os que estão hospedados em outros lugares, devem tomar o ônibus no hotel credenciado”, explica o funcionário da empresa, Mario Coutinho.

      Esse leva e trás de passageiros e outros mecanismos criados pelos organizadores da Conferência sufocam, na visão de taxistas cooperativados, a oportunidade de um evento como a Rio+20 trazer ganhos econômicos. “Já foi assim em outros eventos como o do Paul McCartney e do UFC e também será nos próximos, tudo fechado com empresas de turismo”, comenta o taxista da cooperativa Transcootour, que pediu para não ser identificado para evitar qualquer represália a seu trabalho.

      Segundo o taxista de nome fictício Antônio, as cooperativas de táxis especiais são excluídas dos ganhos que o turismo de evento pode proporcionar para os trabalhadores da cidade. “O negócio é colocar as barbas de molho”, diz Antônio, comentando, numa conversa agradável, que os ganhos ficam mesmo como os hotéis e com as empresas. Ele diz também que há oportunismo por parte dos táxis comuns – os amarelos, como são conhecidos – que muitas vezes são piratas e fazem preço fechado, ou seja, não usam o taxímetro. “Tava [sic] lá na Rodoviária e vi uma família acertar valor de preço fechado com um amarelo só pensando que o especial era mais caro. Resultado, a corrida pelo especial valia R$ 25 e a família pagou ao comum R$ 45”, conta Antônio.

      A polícia está mesmo nas ruas. Guarda municipal, polícia federal, polícia militar, os fuzileiros da Marinha e homens do Exército, inclusive os boinas vermelhas que são os pára-quedistas. Carros parados nas esquinas com luzes ligadas, batedores de motocicleta, helicópteros e a dupla de policiais, mais conhecida como Cosme&Damião, são vistos em todas as áreas do evento. “Deveria ter até mais, afinal está acontecendo o maior evento do planeta”, opina Miranda, funcionário de empresa de transporte de turismo que opera na Zona Sul do Rio, que não quis o mencionar seu primeiro nome nem ser fotografado, apesar da insistência da reportagem. 

Por Mônica Prado - Enviada espacial à Rio+20

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