domingo, 2 de setembro de 2012

Atleta olímpico diz que pode deixar Brasília por dificuldades de patrocínio. Assista entrevista


De volta das Olimpíadas, o marchador brasiliense Caio Bonfim aponta dificuldades de patrocínio em Brasília e diz que, por isso, pode deixar a cidade. Aos 21 anos, ele vai consolidando a carreira que teve início, há cinco, ainda nas categorias de base.   Campeão no Sul-Americano de Marcha, em 2012, Caio alcançou o índice olímpico na última chance de que dispunha. Em Barueri (SP), o brasiliense completou os 20km da Marcha Atlética em 1h21s36s, marca 23 segundos mais rápida do que a exigida para garantir vaga nos Jogos.
Segundo Caio, Brasília não dispõe de muitas empresas interessadas em patrocinar o atletismo e isso dificulta a vida de quem quer seguir carreira como atleta. “O patrocínio aqui é muito frágil e isso faz com que os atletas da cidade dependam apenas do auxílio do governo”, diz.
O Governo Federal concede a “Bolsa Atleta” para os melhores colocados nos rankings estudantil, regional, nacional, internacional e olímpico. A bolsa inicial é de R$250 e aumenta à medida que o atleta sobe de ranking. Para todas as categorias o recebimento do auxílio está condicionado à conquista de medalha, exceto para a olímpica em que apenas a o índice de classificação para os Jogos já é o bastante.
Para o marchador, apesar da bolsa ser uma auxílio importante, ela favorece apenas aos atletas que já conseguiram se firmar, mesmo que apenas em suas regiões. “Até que se consiga alguma conquista a estrada é longa e solitária, o atleta tem que ir pela garra, pela vontade e muitos se perdem no caminho por falta de condição”, explica.
E é essa falta de subsídio que pode acabar levando Caio para algum clube de São Paulo. “Eu, pessoalmente, sempre quis defender Brasília. É o lugar onde nasci, é a minha casa. Mas, às vezes, para a sua carreira, não vale a pena”, diz.
Londres
                O brasiliense foi o único marchador brasileiro presente nesta edição dos Jogos Olímpicos e acabou a prova em 39º lugar. Caio passou mal durante toda a competição e, ao cruzar a linha de chegada, saiu carregado em uma cadeira de rodas. O marchador parou para vomitar três vezes durante a prova e chegou a expelir sangue. “Eu comi uma maçã antes da prova, agora se foi ela que me fez mal...”, conta.
Ele diz não acreditar ter passado mal de nervoso. “Sofri pressão muito maior quando consegui fazer o índice classificatório, em São Paulo. Em Londres meu objetivo principal era pegar o espírito olímpico para 2016, eu estava tranquilo”, afirma.
                Apesar de ter ficado bem abaixo de sua meta pessoal, ficar entre os 15 primeiros colocados, Caio considera positivo o balanço de sua participação nas Olimpíadas deste ano. “Além de ter conseguido o índice quatro anos antes do que o esperado, a verdade é que a gente aprende muito mais na derrota”, declara.
História de superação
                Quem vê o garoto que participa de 20 a 15 competições por ano, não pode imaginar a quantidade de problemas sérios que ele já enfrentou.  Ainda bebe, teve hepatite, meningite e uma resistência à lactose tão ferrenha que comprometeu sua absorção de cálcio. Assim, quando começou a andar suas pernas entortaram completamente e, por isso, teve que fazer uma cirurgia para corrigir o problema na qual os médicos cortaram uma parte de suas pernas e as engessaram. “O médico me disse que a única coisa do meio esportivo que eu poderia ser era jogador de dominó. Isso se eu soubesse contar até sete”, conta.
                Acerca de motivação, o atleta diz que ser parte de uma família de atletas ajuda bastante. Seu técnico, João Sena, é também seu pai e sua mãe é a ex-marchadora Gianetti Sena, oito vezes campeã brasileira de marcha. Contudo, Caio diz que o principal para o manter motivado é ver o apoio incondicional de seus amigos e familiares. “O atleta não pratica esporte por dinheiro, o que ele gosta é a valorização. E eu tenho sorte porque tenho o reconhecimento de quem eu, de fato, gostaria de ter”, declara.
Por Sthael Samara - Agência de Notícias UniCEUB

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