quarta-feira, 16 de maio de 2012

Construção civil alavanca oportunidades de empregos no DF

O setor da construção civil ergue o mercado de trabalho no Distrito Federal. De acordo com informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Ministério doTrabalho, a taxa de desemprego total no Distrito Federal diminuiu de 12,6%, em janeiro de 2011, para 11,5%, em janeiro de 2012.

De acordo com o Cadastro Geral deEmpregados e Desempregados (Caged) de março de 2012, Brasília é a quinta cidade, dentre 50 cidades brasileiras, que mais contratou em fevereiro deste ano. O saldo de vagas, diferença entre contratações e demissões, foi de 4.195.

Segundo o economista Victor José Hohl, ex-funcionário do Banco Central do Brasil e membro do Conselho Regional de Economia do DF, a diminuição da taxa de desemprego no Distrito Federal se deve à aproximação da data da Copa do Mundo de 2014. “Por estar mais próximo da Copa, o governo vem baixando as taxas de juros devido às muitas obras públicas, aumentando as oportunidades de emprego”, explica o economista. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção, somente na obra do Estádio Nacional de Brasília são mais de cinco mil pessoas empregadas.

O economista afirmou que o ramo da construção civil é o maior responsável pelo aquecimento da economia do Distrito Federal. “Emprega muita gente que, com renda, compra mais coisas, multiplicando, assim, as oportunidades de trabalho”. Mas, o economista alerta: a oferta maior de empregos no ramo é temporária. “Uma hora termina isso. A expansão de crédito é boa, aquece a economia, mas a médio e longo prazo gera pessoas endividadas”.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção e do Mobiliário do Distrito Federal, Edgar de Paula Viana, a construção civil é o carro-chefe da geração de empregos no DF. Segundo ele, hoje são 80 mil pessoas empregadas com registro em carteira de trabalho no ramo. “Não está faltando empregos na construção civil, estamos até importando gente de outros estados, do Goiás, do Maranhão, do Piauí. Atualmente, estamos com um excessivo número de obras”. 

De acordo com o secretário de Trabalho do Distrito Federal, Glauco Rojas Ivo, a alta de empregos no ramo da construção civil tem prazo de validade. “A área está superaquecida, mas vai permanecer somente por um tempo. Daqui a pouco as obras em Águas Claras e no Noroeste já estarão concluídas”. 

O secretário explica que o crescimento da taxa de emprego de 2011 para 2012 se deve ao constante crescimento da cidade. “A cidade está muito acima do que ela suporta, o que gera mais demanda para todos os setores, como da construção e do consumo”.

Além disso, segundo o especialista em trabalho, o calendário de eventos internacionais,como a Copa do Mundo, também começa a mexer com a cidade. “Foram anunciados na semana passada 2 bilhões de reais de investimentos em Brasília para o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] Mobilidade Urbana Grandes Cidades,gerando mais postos de trabalho e mais renda para a massa de gente que trabalha”, concluiu o secretário.

Nos últimos 12 meses houve a redução do desemprego em 11 mil pessoas no DF. Foram gerados 44 mil postos de trabalho em janeiro deste ano, número superior às 33 mil pessoas que ingressaram na População Economicamente Ativa (PEA) em janeiro de 2011, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Ministério do Trabalho.

O tempo médio de procura por trabalho na capital federal, de acordocom a pesquisa, reduziu de 41 semanas, em janeiro de 2011, para 37 semanas emjaneiro de 2012.

Condições nas obras
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção e do Mobiliário do Distrito Federal, Edgar de Paula Viana, as condições de trabalhonos canteiros de obras já foram ruins, mas, ultimamente, estão melhores. “Houve uma melhoria de mais de 80% nas condições de trabalho para os trabalhadores em relação aos anos anteriores. Como conquistas posso citar o vale-transporte para trabalhadores da construção civil, a alimentação no próprio canteiro de obras, incluindo café da manhã, e a assitência dentária gratuita”, expôs osindicalista. 

Serviço público versus indústria

Outro grande responsável pela geração de empregos em Brasília é o serviço público, afirma o secretário de Trabalho do Distrito Federal, Glauco Rojas Ivo. “Brasília foi construída em cima do conceito de posses de trabalho oriundo do serviço público, mas o conceito já está ultrapassado”, acredita o especialista. Para ele, a cidade está em uma ‘encruzilhada histórica’: ‘Qual é a vocação de trabalho para a indústria da cidade?’.

O secretário acredita que a indústria de tecnologia tende a crescer no DF. “A indústria do conhecimento, que é a indústria do futuro, é uma das que em Brasília pode crescer. A capital tem que fazer um esforço para atrair esse tipo de empresa”.
Cenário brasileiro

Antes de analisar o cenário local do DF, o economista Victor José Hohl, que é ex-funcionário do Banco Central, fez uma análise da economia brasileira ao longo do tempo. Para ele, é necessário construir um panorama geral sobre emprego e desemprego no país para entender as taxas de hoje.

No Brasil, segundo o especialista, a economia era excessivamente inflacionária até o ano de 1994. “O país não tinha crédito e a bolsa de valores não funcionava, a economia era estagnada”, explicou.

Com o Plano Real, em1994, houve a estabilização da moeda e a economia brasileira começou afuncionar. “A partir de 2002 o país começou a entrar nos eixos”. Segundo o economista, em 2006, a taxa de crédito em relação ao Produto Interno Bruto(PIB) no Brasil era de 28%. Hoje, a mesma taxa representa quase 50%. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante o ano.

“O governo injeta crédito, aquece a economia, aumenta a demanda agregada e cria mais empregos, principalmente no ramo da construção e da indústria”, explicou Hohl. 

A taxa de Sistema deLiquidação e Custódio (Selic) – que reflete o custo do dinheiro para empréstimos bancários, com base na remuneraçãodos títulos públicos – é uma das grandes responsáveis pela diminuição ouaumento de crédito para o país.

A taxa é a mais básica delimitada pelo Banco Central do Brasil, que fiscaliza as instituições financeiras. De acordo com o economista, “se a taxa Selic aumenta, todas as outras taxas também aumentam e o país desaquece. É a forma de o governo brecar a economia, aumentando a inflação”.

Em 2011, houve um aumento de 12,5% na taxa Selic do Brasil, o que desaqueceu a economia, tornandoo crédito mais caro. “Recentemente, a presidente [Dilma Rousseff] começou ainverter o jogo e derrubar a taxa Selic. Em 2012, ela a passou para 9%,obrigando os bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, a diminuir os juros, aquecendo novamente a economia brasileira”.

Segundo o economista Victor José Hohl, com taxas menores de juros as pessoas vão mais as compras,diminuindo o desemprego. Em março deste ano foram criados, no Brasil, 111.746 postos de trabalho com registro em carteira, uma alta de 20,6% em relação amarço de 2011, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados(Caged).

Por Natália Aquino - Agência de Notícias UniCEUB

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