sexta-feira, 4 de maio de 2012

Imigrantes haitianos conseguem emprego na construção civil e moram em periferias no Distrito Federal

Pelo menos 15 haitianos atravessaram as fronteiras, receberam visto e escolheram cidades do Distrito Federal para residir depois do terremoto de 2010. A boa notícia é que, como são qualificados, conseguiram emprego principalmente no setor da construção civil para construir uma nova realidade de vida.

Segundo o Ministério da Justiça, esses haitianos, como formam mão-de-obra qualificada, têm facilidade para conseguir emprego. Alguns deles, têm nível superior, mas chegaram dispostos a serviços de base para sobreviver. Além do papel do governo em fornecer vistos para imigrantes vindos do país arrasado pela catástrofe, organizações não-governamentais, além de comunidades religiosas, têm apoiado os haitianos.

Calvário - Há mais ou menos um ano, a cidade de destino desses imigrantes era Manaus. Hoje, o país registra presença de haitianos no norte, no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste. No Distrito Federal, de acordo com informações dos próprios haitianos, eles estão, no Varjão, Santa Maria, Taguatinga e Ceilândia. Eles afirmam ainda que a escolha desses lugares se deve ao fato de não precisarem de fiador.


“Vim para o Brasil para buscar uma vida melhor. O Haiti é um país pequenino. O Brasil é muito maior que o Haiti, muito grande. Os haitianos que estão no Haiti, tem relação boa com o Brasil, os brasileiros gostam muito dos haitianos e  entendem que os haitianos que entram aqui vieram para trabalhar e ajudar seus familiares que estão no Haiti”, disse Jocelyn Assilien, 33.

Jocelyn é solteiro, tem o pai e seis irmãos no Haiti. Perdeu a mãe ainda quando era criança. Um dos irmãos foi tentar a vida na República Dominicana, pais vizinho. “No Haiti eu trabalhava numa fábrica de leite. Estudei até o sexto ano. Se Deus me preparou para eu vir para o Brasil é porque ele quer que eu ajude a minha família e busque uma vida melhor”, afirma.
Para chegar no Brasil a rota que os imigrantes tem que fazer não é muito simples, até mesmo pelo fato de que a maioria entram no país de   maneira ilegal. Do Haiti conseguem visto até a Republica Dominicana, de lá têm que tentar o visto para o Equador, da mesma forma para o Peru, na Bolívia, e de lá para Acre, do Acre,  Rio de Janeiro, e de lá,  Brasília- DF. A maior destas viagens foi feita de ônibus.
“Depois do cismo, os problemas no Haiti tendem a aumentar e não há esperança para viver por causa da destruição.São muitos os problemas sociais: pessoas que não podem mandar seus filhos para a escola, a questão da  saúde, falta de trabalho, por isso eu vim para o Brasil. Penso que depois que eu começar a me integrar na sociedade, aprender o  idioma do país,  posso começar a concretizar minha vida como estou esperando", relata Joseph Wilphens, 28 (na foto ao lado).

“Vim para o Varjão porque tenho outro colega haitiano que mora aqui. Conhecemos-nos todos no aeroporto, quando estava renovando  meus papéis. Fizemos amizade na viagem”, afirmou. Técnico em informática, Joseph trabalha com configuração e espera conseguir um trabalho na área.  O maior sonho destes haitianos é conseguir legalizar os documentos e conseguir residência porque só assim poderão conseguir trabalho e estudo no país.

“Estamos muito felizes com este avanço e sabendo que mais um passo importante foi dado para que eles possam obter os documentos permanentes e melhor integrar-se na sociedade, no trabalho e na vida que desejam reconstruir no Brasil, se expressou irmã Rosita Milesi, diretora do Instituo Migrações e Direitos Humanos.
“Viemos para Brasília e não para Manaus porque o Brasil é
muito grande, tem muitos estados e dá para nos espalharmos, e nós preferimos não ficar em grupos grandes. Sou casado, tenho esposa e 4 filhos e no Haiti eu trabalhava na construção civil e aqui estou procurando por trabalho. Espero conseguir para ajudar minha família", relatou Léonor Norceide (à direita).
De acordo com irmã Rosita, os maiores desafios do Brasil em relação à migração dizem respeito à Lei de Estrangeiros, criada em 1980, na ditadura militar, e ‘marcada pelos princípios vigentes em tal período’. “Há anos a sociedade civil luta por uma Lei de Migrações, pautada nos Direitos Humanos e que corresponda às exigências de uma política migratória coerente com a dinâmica das migrações da atualidade, ressaltou em entrevista dada à Unisinos em janeiro de 2012.

Em entrevista ao telefone, na última sexta-feira o presidente do Conselho Nacional de Imigração, órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego, Paulo Sérgio  de Almeida disse que já fizeram para os haitianos o que poderiam fazer. “Já fizemos para os haitianos o que deveríamos fazer que foi a concessão de permanência no país. Cabe a outras instâncias políticas e a cada uma fazer o que lhe compete para ajudá-los”, afirmou.



Conforme Paulo Sérgio, o fato de muitos haitianos se declararem como profissionais em algum ramo, favorece a concessão de empregos aqui no Brasil. Para o haitiano, Léonor Norceide (à direita), a expansão geográfica do Brasil, favorece para que eles se espalhem  e possam buscar melhores condições de vida em locais diferentes e se organizarem em pequenos grupos.

Segundo Sidoi (à direita), os homens não trouxeram as esposas e não podem trazê-las consigo devido ao preço das passagens. Eles têm a esperança de trazer a família mais tarde.  As jovens pelo fato de estudarem  não vêem vantagem em sair.

Por Rosinha Martins - Agência de Notícias UniCEUB

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