quinta-feira, 24 de maio de 2012

Rio +20 pode ser positiva e deixar marco político em cinco tópicos, acredita o economista José Eli da Veiga. Ouça a entrevista

Adoção de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fim dos subsídios às energias fósseis, regulação sobre a questão dos oceanos, fortalecimento do desenvolvimento sustentável dentro das Nações Unidas e substituição do PIB por uma nova medida de crescimento são os cinco tópicos que, na visão de José Eli da Veiga, poderão ser o marco da Rio +20 para o mundo. O professor da Universidade de São Paulo (USP) é uma das referências em desenvolvimento sustentável no Brasil, tendo publicado mais de 20 livros e artigos sobre o assunto e falou com exclusividade para Agência de Notícias UniCEUB.
Ouça aqui a entrevista.

“As expectativas não podem ser fixas. Antes eu estava pessimista, agora sou um otimista cauteloso”, diz Eli da Veiga para explicar que, a menos de um mês da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), ele percebe a probabilidade de que esses cinco tópicos estejam contemplados no documento final da Conferência. O rascunho para a última reunião preparatória, que será realizada de 13 a 15 de junho no Rio de Janeiro (RJ), já está concluído e, segundo ele, deve sinalizar esses eixos.
Para Eli da Veiga, o indicativo de adoção, num prazo de 3 a 5 anos, de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pela ONU, em analogia aos Objetivos do Milênio, vai desencadear um processo sério, intensivo e sistemático de busca de indicadores seja para criar novos ou legitimar os que existem, a exemplo da pegada ecológica. Além disso, enfatizou que os ODS têm papel fundamental ao ajudar os países a priorizar suas políticas públicas.

Na entrevista ao programa Rio +20 em Pauta, da Agência de Notícias UniCEUB, Eli da Veiga disse que devem haver importantes decisões na área de energia, como o aumento da participação de energias limpas nas matrizes dos países e também o fim dos subsídios para as energias fósseis. Eli da Veiga acredita que elas têm peso uma vez que foram propostas e são endossadas pelo próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que define o ano de 2012 como o Ano de Energia Sustentável para Todos.

“Os oceanos foram esquecidos e como representam mais ou menos 50% da contribuição para a regulação térmica no planeta deverão estar contemplados no documento final”, comenta Eli da Veiga, que também acredita na aprovação de mecanismo para que o desenvolvimento sustentável tenha peso dentro da ONU seja pelo fortalecimento do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) ou pela transformação dele em agência, seguindo modelo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mantém interface com o mundo científico. “É uma proposta concreta da Europa e da África; lastimável que o Brasil tenha sido contra”, diz Eli da Veiga.

Ele acredita também que a Rio +20 vai sinalizar a necessidade de superar o uso do PIB como bússola para medir crescimento dos países. “Substituir o PIB é um processo de décadas, pois envolve questões de contabilidade nacional. Ele vai continuar a ser calculado, mas é preciso mudar”, enfatiza Eli da Veiga.

Por Mônica Prado, Agência de Notícias UniCEUB

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