quarta-feira, 3 de outubro de 2012

“A humanidade vive hoje a mais séria crise de sua história”, afirma Marina Silva




“Esta é uma crise dramática”, declarou, em Brasília, a ambientalista Marina Silva, ao tratar de aspectos para a construção de um novo paradigma de desenvolvimento para o século 21.

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Segundo a ambientalista, as crises das civilizações antigas afetavam apenas a comunidade diretamente envolvida, o que não acontece no mundo de hoje. “Com a globalização, a crise de um único país traz consequências para o globo inteiro. Não há onde se esconder”, disse.
Em um congresso de ensino, pesquisa e extensão do Centro Universitário de Brasília, a ex-ministra afirmou que esta é uma crise com múltiplas facetas, econômica, política, ética, social e ambiental, sendo a última a mais grave de todas. “A verdade é que o planeta já está ambientalmente no vermelho em 50%”, disse ao apontar as mudanças climáticas como o elemento mais sério do pacote de problemas. “Eu considero este o armagedon ambiental, o aumento da temperatura causa a perda do equilíbrio necessário para a manutenção das condições da vida”, declarou.
E para uma crise com aspectos variados, há uma multiplicidade de respostas. Contudo, para Marina, uma coisa neste contesto é invariável, o fato de que esse é um problema de todos. “É como na música dos Titãs ‘Por todos ao mesmo tempo agora’”, explicou.
É a partir daí que, segundo ela, surge a necessidade da criação de um novo paradigma de desenvolvimento, de criar-se um novo referencial a ser seguido pelas gerações futuras. “Novas formas de produzir, de consumir, de nos sentirmos felizes. Estamos em estado de emergência, algo precisa ser feito”, afirmou.

Desenvolvimento Sustentável
O primeiro novo modelo proposto para solucionar a crise ambiental sugeria parar o desenvolvimento em prol da preservação. Mas esta, para a ambientalista, é uma proposta impossível. “Em um mundo onde pessoas ainda vivem com menos de U$ 2 por dia, não se desenvolver é algo impensável”, disse.
Surgiu assim a proposta de desenvolvimento sustentável, de pensar-se uma maneira para o uso inteligente dos recursos naturais necessários, assegurando que as futuras gerações também os terão.

A Organização das Nações Unidas (ONU) pensa este desenvolvimento em quatro dimensões: econômica, social, ambiental e cultural. Se uma sociedade produz riqueza, mas não a reparte nem a transforma em bens e serviços, ela não pode ser considerada desenvolvida. O mesmo acontece para sociedades que não sabem administrar os recursos naturais ou são incapazes de preservar a diversidade cultural. “Só é possível estabelecer troca na diferença, e sem troca não há crescimento”, declarou.
Para a ex-ministra, o caminho rumo à sustentabilidade passa inevitavelmente pela superação da ética de circunstância. Ela afirma que não podemos levar em consideração apenas a conveniência de um dado momento sem pensar as consequências de tais ações implicadas. “Do contrário nos firmamos na riqueza pela riqueza, no sacrifício de recursos ambientais de milhares de anos em troca de lucros de apenas uma década”, explicou.

Desadaptação Criativa
Na opinião da ambientalista, o grande desafio é o que ela chama de “desadaptação criativa”, capacidade de se desprender de antigos hábitos e abandonar saídas óbvias. “Se fazemos as mesmas perguntas, obtemos as mesmas respostas. É preciso mudar a abordagem”, constatou.
Marina acredita que a quebra de paradigma é uma escolha individual, uma pessoa pode decidir-se por viver segundo o paradigma vigente ou abrir-se ao novo. “Os gregos queriam ser sábios e livres, os romanos queriam ser grandes e fortes, os povos da Idade Média queriam ser santos. E nós, o que queremos ser?”, indagou. 

Por Sthael Samara - Agência de Notícias UniCEUB

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