sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Novela Salve Jorge pode despertar governo para atuar no combate à exploração sexual, diz integrante de comissão dos direitos humanos


O combate ao tráfico internacional de mulheres para exploração sexual necessita que os órgãos governamentais trabalhem de forma integrada e que sejam auxiliados por uma rede de enfrentamento efetiva. “Não existe no Estado brasileiro um preparo adequado para lidar com essa questão”, afirma o advogado Hédel Torres, integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos. Hédel vem estudando o assunto há oito anos e logo que lançou o livro com pesquisa mostrando como o esquema do tráfico funciona teve oportunidade de conversar com a autora Glória Perez. “A novela é importante instrumento, pois o Estado sozinho não tem condições de enfrentar o problema, pois não há verba específica para isso e porque, hoje, os órgãos trabalham de forma isolada, nem as informações estão socializadas”, enfatiza.
Hédel explica que a falta de entrosamento entre os atores dificulta o apoio à mulher vítima de tráfico e também a sua reintegração na sociedade. “Há toda sorte de preconceitos e também uma teia de aliciamento que juntos acabam se tornando impedimentos para que as mulheres se libertem de seus aliciadores”, diz. Segundo o advogado, a prática é antiga, mas hoje está revestida de nova roupagem com falsas promessas e com o envolvimento do aliciador na comunidade e na família da vítima.
O mercado do tráfico internacional de mulheres para exploração sexual movimenta no mundo 40 bilhões de dólares e está cada vez mais profissional. O aliciador é, normalmente, uma mulher que se aproxima da família e que mantém boas relações na comunidade. “Os aliciadores é que entregam o dinheiro para a família, em sua maioria pobre, dizendo que a mãe ou a filha enviou dinheiro para o sustento do filho”, explica Hédel. Ele comenta que a novela tem a intenção de apresentar o problema com cenas fortes e com apoio em dados da realidade mostrando como funciona esse mundo.
Copa do Mundo – A Comissão Nacional de Direitos Humanos está preocupa com os grandes eventos esportivos internacionais que o Brasil vai receber, pois o tráfico internacional de mulheres para exploração sexual é um fenômeno invisível, como afirma o advogado Hédel. Ele diz que é importante perguntar o que leva uma pessoa a consumir outro ser humano porque o mercado vem tomando proporções gigantescas. “Há um biótipo de mulher como a mulher goiana que vale mais nesse mercado”, afirma.  Para ele, está na hora de alertar para a “coisificação do ser humano” que a prática criminosa do tráfico internacional transforma as pessoas. Coibir essa prática, para Hédel, começa com uma aliança com a sociedade que a novela pode ajudar a criar, despertando o Sistema Judiciário, o governo e a rede de enfrentamento a buscarem pontos de convergência para atuarem de forma integrada para equacionar o problema.
Por Mônica Prado, Agências de Notícias UniCEUB

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