A Cooperativa da
Feira dos Importados promoveu, no dia 12, uma festa em que pelo menos uma criança, de 10
anos de idade, trabalhou com a distribuição de pipoca e algodão doce. No
Brasil, é proibido o trabalho dos menores de 14 anos, de acordo com a Constituição Brasileira.
A menina de 10 anos, que estava
acompanhada da prima de 16, serviria, ao longo do feriado, mais de mil sacos com pipocas
para o público. Segundo as duas, a garota trabalha todos os finais de semana em
eventos com a tia, proprietária do negócio. Ela comentou que as jovens sempre
trabalharam no negócio da família, desde os 10 anos, e que seria melhor vê-los
trabalhando novos a “vê-los nas mãos da polícia”.
Informados a respeito
da situação, representantes da cooperativa explicaram que a responsabilidade
seria da empresa contratada. “Se há alguma criança trabalhando é porque os
pais não têm com quem deixar em casa”, disse Iolanda Lima, diretora administrativa
da Cooperativa da Feira dos Importados.
De olho no cliente – Além
da festa, as barracas da feira abrigaram neste 12 de outubro outros “trabalhadores”
com idade inferior a 14 anos, conforme foi conferido pela equipe de reportagem
da Agência de Notícias UniCEUB. Numa
loja de eletrônicos, um menino de 12 anos, estudante da 6ª série do ensino
fundamental, disse que ajuda os pais todos os finais de semana. Morador da Asa Sul, ele diz que o expediente
começa às 8h e segue até as 18h.
Ele
usa o mesmo uniforme dos demais funcionários com o nome da loja estampada no
peito. “Esse trabalho sustenta minha
casa e minha vida. Isso vai me dar um
futuro”. Quando não está trabalhando, Rafael gosta de jogos no computador e de
acessar as redes sociais da internet. “Já ganhei dinheiro da minha avó, mas do meu pai ainda
estou esperando meu presente”, disse o menino enquanto olha o pai que está ocupado
atendendo um cliente.
Em uma
loja de brinquedos, outro menino de 12 anos diz trabalhar das 9h às 18h. A mãe,
de 37 anos, comenta que a criança não é forçada a trabalhar e “apenas” a ajuda
com as vendas. “Meu filho só vem trabalhar comigo quando eu preciso ou no final
do ano. Ele não passa muito tempo aqui na loja”, garante. Um dos responsáveis
pela loja, que recebe mais de 200
compradores ao longo do dia, admite que conta
com a “ajuda” de crianças. O gerente do estabelecimento explica que leva o
sobrinho para trabalhar “eventualmente”. “Ele vem comigo sempre que possível e
ajuda a cuidar da mercadoria”.
Uma menina de 11 anos
diz trabalhar em um estabelecimento da família na Feira dos Importados todos os
dias, inclusive feriados. Ele relata que consegue conciliar a vida ''profissional"
com os estudos (está na 6ª série). Ela diz gostar do local e que nos dias de
folga, domingo e segunda, consegue colocar os estudos em dia.
“Igual a shopping” – A
diretora administrativa da cooperativa da feira, Iolanda Lima, admite que o fato
acontece, mas haveria uma justificativa. “Se
há alguma criança trabalhando, é porque os pais não têm com quem deixar em casa”,
disse.
Segundo a diretora, a cooperativa “não é responsável por qualquer contratação irregular de trabalhadores”. Ela explica que cada cooperativado é um microempresário, com CNPJ próprio, e portanto, teria independência. “Isso aqui é igual um shopping, o que acontece dentro de cada loja, restaurante, quiosque ou barraquinha é de responsabilidade do dono”, isenta-se.
Um escândalo, sem dúvidas! Temos que divulgar isso.
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